domingo, 31 de agosto de 2008

"Há muitas almas de madeira para não gostar de figuras em madeira que tem uma alma". JEAN COCTEAU

Musée de la Sorcellerie

"Eu não acredito em bruxas, mas que elas existem, existem" algumas chegam a afirmar, mas eu acredito e se elas existem ou não, não vou discutir aqui, mas o certo é que bem no centro da França, especificamete em Concressault, há mais ou menos 200km de Paris, num lugar longínquo , bem escondidinho com ares de uma chácara bem antiga, existe um lugar reservado para as bruxas e suas bruxarias, seja do ponto de vista do imaginário popular ou da História: é o Musée de la Sorcellerie, isto é, o museu da bruxaria. Logo na entrada, nos deparamos com figuras simpáticas de bruxas e seus apetrechos que povoam o nosso imaginário: a abóbora, o gato preto, a coruja, o caldeirão, a famosa bruxa da Branca de Neve e seu cesto de maçãs...
O mundo das fadas, dos elfos, dos duendes, gnomos que estão em todos os lugares: nas florestas, nas montanhas, nos oceanos, nos jardins, nas nossas casas, pois segundo os próprios, eles se adaptam, evoluem para viver de formar mais à vontade possível.
Vassouras e receitas de encantações, calderões fervendo, poções mágicas, mesmo ditas ao acaso, essas palavras nos lembram uma imagem: a bruxa.
Imagem essa muito presente depois de muito séculos na memória coletiva, esta mulheres que nunca foi respeitada, conhece as boas ervas, e temos muito medo dela! A culpada de tudo: pela má colheita do ano; pela morte de algum animal. Todos a consideram um invejosa, às vezes pela sua própria família que não hesita em testemunhar contra ela em seu processo.
Na maioria das vezes, ela não é nem uma desconhecida e nem uma estrangeira, mas é conhecida por todos que dividiu com ela a rotina da vida. Porém, depois de curas inesperadas, mortes inexplicavéis, ela se torna a principal suspeita de todos os males do vilarejo e é perseguida.
E todo o encanto desapareceu...
É esse outro lado da História e da memória que o museu se propõe a mostrar e enfatizar, ou seja, o fato de como a bruxaria se tornou quase um sinônimo de heresia. Para aqueles que vão lá em busca de feitiços, de mistérios ocultos, creio que vão se decepcionar.
Portanto a história começa muito bem por sinal, com a Deusa Mãe, símbolo de vida, de proteção, cujas as representações chegaram até nós, desafiando o tempo. Porém, pouco a pouco, essa imagem se degrada. Aquilo que é benéfico se transforma em malefício, e logo não resta que essa figura caricatural, estéreotipada, adoradora do diabo, que se propõe passar a vida a desencaminhar alguns cidadãos "honestos" nos lugares mais sórdidos possíveis, fazendo-os negar sua fé, ridicularizando a ordem estabelecidade, em outras palavras, fazendo o mal!
Logo, compreendemos muito a bem a necessidade desenfreada de destruí-las, queimá-las para que todo e qualquer traço deixado por elas seja apagado da face da terra.
É incrível como em forma de bonecos, várias cenas do desenrolar dessa parte sombria da história da Europa, e principalmente na própria região, vão sendo contadas.
Como por exemplo nessa imagem abaixo, reproduz as circunstâncias de um dos vários processos de Berry, província a qual pertence Concressault. Em 1614, Roland Pasquet, um lavrador do vilarejo, faz uma refeição numa taberna típica da época, quando um homem de nome Barthélémy Mainguet se senta ao seu lado e lhe oferece uma refeição. Ao voltar para casa, o lavrador se sente um pouco "disparatado". Muito doente, ele chama Mainguet que passa para falar sobre a vida. Este lhe prepara um caldo e se gaba de saber curar os doentes, infelizes palavras. Logo Pasquet pensa ter um bruxo diante dele. Denunciado e submetido à interrogatório, Barthélémy Mainguet reconhece ter posto um pó na comida de Pasquet. Pressionado para confessar sua participação no sabbat e denunciar seus assistentes, "o bruxo" confessa que à noite tinha encontros com o diabo que lhe dava os pós. Os denunciados negam até sob a tortura. Conclusão do processo: dois morrem, seis, como Mainguet são enforcados e queimados no dia 30 de maio de 1616. Os outros acusados são relaxados. Há vários outros casos que são retratados dessa forma tão original e criativa, realmente muito atrativo para o público infanto-juvenil. No verão é proposto um atelier: a Escola de Feiticeiros.
O real e o imaginário se misturam nesse lugar, por que não se deixar levar?

La Ville en Rose

Depois de Bolonha, nossa próxima parada foi em Toulouse, a ville rose, ou seja, a cidade rosa em razão da cor do principal material de construção tradicional local.
É algo que acho muito interessante: cada cidade da França, pelo menos as que visitamos, guarda em si suas peculiaridades traduzidas na sua arquitetura, e acima de tudo, na sua gente, e Toulouse não podia ser uma exceção, ébastante diferente de Paris, e como! O jeito de ser das pessoas é mais espontâneo. A cidade abriga inúmeros prédios históricos. O hotel no qual nos hospedamos fica bem próximo do Capitole, um prédio magnífico que abriga a Câmara Municipal da cidade. Bem em frente, há uma enorme praça.
Não sei se era pelo de ser um final de semana, mas na sexta e no sábado, a todo estante uma noiva despontava na praça,bem em frente à grande porta. Uma delas até chegou com toda família a reboque numa limusine branca! Muito chic o negócio!
Dava gosto de sentar em uns dos cafés e apreciar a Praça histórica, com seus casais de noivos, as brincadeiras das futuras esposas nas despedidas de solteiro, as crianças a brincar...

Olha! Que coisa fofa!

domingo, 24 de agosto de 2008

Os verdadeiros motivos...

Estou no clima da famosa "leseira baré" que só os manauaras conhecem, não quero nada com nada, um período de intensa inércia, uma calmaria de verão, mas que ao meu ver prever um intenso e agitado inverno. A ausência está inserida neste clima que é ao mesmo tempo um momento de despedida de Paris. Portanto, nessas últimas duas semanas antes de partir encarnei o papel de turista. Além das atividades triviais do dia-a-dia, saio, vou ao cinema, tiro fotos, dou uma moedinha para algum SDF (traduzindo do francês, : sem domicílio fixo, o nosso sem teto, ou mendigo mesmo!), distribuo alguns sorrisos pra essa gente blasé ... Da janela, observo o movimento da Rue des Halles.
Há dois meses atrás, antes de se instalar essa inércia, ainda viajamos, visitamos nossos amigo Tony e Maria em Bolonha, conhecemos sua jollie fille Cecília e relembrei do calor infernal de lá bien à la Manaos!
Deu pra matar a saudade da última vez: visitar a Biblioteca Sala Borsa cujo o piso da sala da entrada é de vidro através deles podemos vislumbrar as ruínas romanas e etruscas da cidade, e como diz a Maria, tomar a benção da pedra, porque são muito, mas muito antigas!
Gente, isso não é uma janela, é um chão de vidro! A sensação de pisar e olhar para um buraco é muito esquisita, no início da medo mas depois a gente se acostuma e aprecia as ruínas.
E mais uma vez tirar uma foto no Netuno...

Presenciar uma manifestação contra o racismo e a discriminação aos imigrantes...

E a polícia, como sempre, presente, para manter a ordem e preservar os bons costumes... Ahhf!