sábado, 29 de dezembro de 2007

Il y faut une rétrospective?

Eu me pergunto, em francês, para praticar meu francês: "Il y faut une retrospective?". Traduzindo para o nosso belo e original português (brasileiro, por favor!): É necessário fazer aqui uma restropectiva de 2007? À mon avis, oui!
2007 foi um ano pra lá de positivo para mim, mesmo com os autos e baixos que as mudanças radicais da vida trazem. E bote radical nisso! Neste ano, de solteira, passei a ser casada; mudei de residência, de Brasil pra França, de Manaus pra Paris. Nossa casamento foi uma cerimônia agradável, calorosa e muito alegre. Pude compartilhar com minha família e meus amigos esse momento tão lindo na minha vida e de Peter também!
Foi um ano também de muitas viagens. A primeira foi para Cuba, aonde passamos nossa Lua-de-Mel. Ah! Jamais esquecerei de Cuba, especialmente de Havana e Varadero. Temos a esperança de um dia morar lá, ou quem sabe alguns anos, ou talvez comprar uma casa lá somente para passar as férias tão logo a ditadura se acabe. Não custa nada sonhar! Aliás, "pelo andar da carruagem", não querendo ser pessimista mas extremamente realista, isto está prestes a acontecer. Em um artigo da revista francesa Paris Match de 11 de outubro, destaca-se o fato de que o povo cubano, após a doença de Fidel Castro, El Comandante, o rebatizou de El Coma Andante. Ou seja, a nova geração cubana não acredita mais no '' pai '' Fidel, que agoniza e com ele seus quase 40 anos de regime. Conclusão: Havana e sua nova geração, bem educada é bem verdade, agora exige liberdade e deseja está mais próxima de uma Miami do que com uma Pequim de Mao Tse Tung e seu catercismo marxista. Mas Cuba é maravilhosa, como já havia dito antes. E minha paixão por Che é eterna, eu tenho um guerrilheiro coração.
Após a Lua-de-Mel, uma nova vida em Paris, nada se compara ao Brasil, e muito menos a minha Manaus. Devo confessar no ínicio foram tempos difíceis: saudade da minha família, da comida da mamãe, dos meus amigos, da nossa cultura, esse jeito brasileiro de ser, um jeito pra lá de nortista misturado com o nordestino, esse calor humano que só a gente tem, essa mania de festejar tudo, de misturar tudo, todas as religiões, todas as comidas, essa mania de dá solução pra tudo, e está sempre feliz mesmo que se tenha 1 real no bolso. Só Deus sabe o quanto eu sinto saudade da nossa religiosidade, das novenas, das procissões... Que maravilhos é ver que no dia de São Jorge, 23 de abril, a procissão do catolicismo e da umbanda começam à mesma hora, e num dado momento na rua, as duas se encontram e se saudam. Sinto tanta saudade de participar como sempre participei. Porém, procurei e ainda procuro ver sempre o lado positivo das coisas. No mês de março comecei a estudar na Aliança Francesa, fiz novas amizades, mas eles me deixaram e partiram para novos horizontes, como o Frei Carlos de Santos, que foi para o Sul da França, a Aurora Rojas, religiosa chilena que foi para o Mali na África, e um casal simpatisíssimo, Orieta e Steves, médicos que foram para o Níger numa missão de ajuda ao país. Ah! Tenho tanta saudades deles... Mas a amizade permanece. (À esquerda, Aurora, Orieta e eu na Aliança Francesa).
Assim que o inverno se foi começamos uma nova série de viagens. Em abril, fomos a Bourdeaux, uma cidade no sul da França, muito bonita, charmosa. Contudo, o que mais me chamou a atenção foi o tratamento das pessoas para com os turistas, são mais gentis, extrovertidos, simpáticos, muito diferente dos parisienses. O mesmo em Marseille,uma Salvador francesa, situada no litoral com praias banhadas pelo Mar Mediterrâneo, uma maravilha de cidade que conhecemos no mês de junho. Em julho, fomos a Veneza, um museu a céu aberto, acho que uma das cidades mais lindas da Europa, imagine uma cidade cuja suas ruas são de água, não há carros, bicicletas, só com barcos, gondolas é possível se locomover, e lógico, os pés. Veneza é linda! Ah! Não posso esquecer que em Abril conhecemos Roma também, mas foi uma viagem rápida de dois dias apenas; e passei a Semana Santa com a família do Peter em Spa, uma cidade na Bélgica. (Abaixo, respectivamente, uma foto de Bourdeaux, Marseille e Veneza).
Antes de irmos a Veneza, conheci Bolonha. Enquanto o Peter trabalhava por um semana em Pádua, fiquei na casa de uma amiga de Manaus, a Maria Volta. Tivemos a felicidade de nos conhecermos no curso de noivos, pense, nós duas, sozinhas, os noivos aqui na Europa e a gente lá em Manaus. Maria, agora Sra. Volta, nos primeiros meses de casada, engravidou, e a Maria Cecília, a bêbe, já tá pra vim. Meu Deus, por um momento pensei que eu estava em Manaus de tão quente que era o clima de Bolonha. Mas foi ótimo conhecer a família do Toni, seu esposo; conhecer mais uma cidade da Itália. Apesar do calor intenso, tivemos bons momentos. (Foto ao lado).
Ah! Não posso esquecer de relatar que Agosto foi um mês bastante movimentado: primeiro fomos a Amsterdã para assistir a Parada Gay! Foi tuuudooooo de bom! Naquela semana, choveu quase todos os dias, e justamente no dia da Parada fez um Sol escaldante, incrível isto! Foi demais ver aqueles barcos desfilando pelos canais, cada um mais enfeitado, com uma coreografia mais diferente que a outra, gente dançando pelas ruas ao som do tecno, show dos drag-queens. Merveilleux!!!
Após, a alguns dias de ir a Manaus, viajamos a Londres. De lá, relato apenas que o Peter ficou bêbado num restaurante e que assim que ele entrou no banheiro do quarto do hotel, ele vomitou tudo! Pas grave!
Em Agosto também já estava bastante ansiosa para ir de férias a Manaus. Férias entre aspas, porque fui para resolver alguns ''pepinos'' pendentes, e principalmente, defender a minha monografia e concluir a faculdade. Devo dizer que desde que cheguei em Paris não pensava em outra coisa que concluir meu curso universitário em Manaus. Até que enfim, esse dia chegou. Concluida a monografia, defendi, tirei um 9 bem bonito, colei grau, voltei com meu diploma na mão. Fiquei muito feliz, muito mesmo. E muito mais feliz porque compartilhei esse momento com meus amigos da faculdade que muito me auxiliaram à distância nessa empreitada: a Regina, a Márcia, a Socorro Maria, a Rose, do Paraná, a Evelyn de Santo André e outros tantos. E claro, muito tenho a agradecer ao Peter pela paciência, por ter suportado os meus estresses, minha insegurança quanto ao fato de saber se ia ou não concluir a tempo a monografia. Dank je! E pude também ver outros colegas de faculdade que há tanto tempo tentavam concluir o curso como eu, e colamos grau juntos! Foi um momento inesquecível e de grande satisfação que dividir com minha familia. Voltar a Manaus significou renovar as forças ao lado de minha mãe, vê-la lavar o pátio todas as manhãs que Deus nos dá, ver meus irmãos. E rever alguns amigos, saber das novidades...
Pois bem, voltei para Paris, e demos uma pausa nas viagens por causa do inverno, voltei a estudar na Aliança Francesa e resolvi ter um blog para escrever e dividir minhas impressões sobre a vida aqui na Europa, sobre as minhas paixões da minha vida: música, livros, cozinhar, viajar, conhecer e falar de gente interessante, falar sobre meu país e tantas outras coisas mais. Estando aqui, conheci duas religiosas brasileiras ( eu tenho uma sorte pra conhecer padre e freira aqui que não é brincadeira!). Ao momento de está sozinha em casa por uma semana, porque o Peter viajou à Bélgica à trabalho, convidei-as para comer uma feijoada aqui em casa. Vocês podem ver a cara de contentamento delas pela foto, há meses que elas não experimentavam uma comida brasileira, Irmã Maria Guadalupe (à esquerda) levou até um pouco para o convento. Irmã Maria Paula, ao meu lado, só faltou se acabar de tanto rir por causa disso, e eu me divertia também. Para mim foi um imenso prazer!
Bem antes do término das aulas na Aliança Francesa, dei a nossa turma a idéia de fazer um amigo-oculto no último dia de aula do ano, no início ninguém pareceu muito interessado, mas a nossa professora gostou da idéia e resolveu dá uma força combinando com todos para cada um trazer um prato da culinária típica do seu país e claro, o cadeau para ser trocado.
Foi legal mas não gostei do meu presente, de forma alguma. Sigo uma lógica nesse negócio de dá presentes: não ofereço a alguém aquilo que não quero ganhar. Meu presente foi tão medíocre! Dando uma olhada na internet, soube que ele custou 6 euros! Isso é um absurdo, jamais eu ofereceria para alguém um presente de 6 euros ou reais. Jamais! Por outro lado, fico contente por dois motivos: 1) por ser um porta-retrato, serviu para colocar uma foto do ''clube da luluzinha'' do Colégio Santa Dorotéia aonde fiz o antigo segundo grau, e 2) o presente que ofereci, deixou minha colega muito feliz, ma petite amie do Vietnã que se chama Thi Binh ( lê-se Tibina)ganhou o livro L'Amour Universel que comprei na Loja da Rosa Cruz de Paris.
Na foto abaixo, minha colega vietnamita, eu e Cláudia, brasileira também de SP.
Enfim, chegando o Natal, viajamos para a Holanda. Confesso a todos, não tenho porque esconder isto, não acho que estou sendo ingrata com Paris, mas adoro Amsterdã, amo a Holanda. Lá sinto uma outra energia, algo tão bom, tão caloroso, tão especial, bastante diferente daqui. Durante a semana do Natal, com a família do Peter, também renovo minhas forças, me desestressei um pouco vendo Amsterdã, a correria louca pelas compras de Natal. Só ver, porque comprar, hum, neca de pitibiriba! Vou esperar chegar les soldes em Janeiro aqui em Paris mesmo, ou seja, o saldão. Ah! Mas ganhei de presente do Peter lá uma pantufas bem tradicional, como podem ver na foto. Que bonitinha, né verdade? Uma bela lembrança dos Países Baixos.
Agora, nos resta esperar pela chegada do Ano Novo. A partir de agora, já começo a me energizar para virar o ano com boas energias: tomar os banhos mágicos, fazer minhas simpatias, já tenho uma calcinha amarela novinha para atrair a prosperidade financeira; à meia-noite vamos comer uvas mentalizando paz, saúde, amor e prosperidade para a família. Infelizmente, não vou poder ir à praia para oferecer flores à Iemanjá como sempre fiz na Praia da Ponta Negra antes do fordunço de meia-noite. Mas em pensamento estarei sintonizada com sua energia e todos os Orixás, com certeza!
Até o ano que vem!

ADEUS ANO VELHO, FELIZ ANO NOVO!

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

NÃO À PENA DE MORTE!!!

Hoje é o Dia Internacional dos Direitos Humanos. Segundo a Ong Amnistia Internacional, no dia 27.11, a Assembléia Geral da ONU aprovou uma resolução histórica a favor de uma moratória da pena de morte em todo mundo. Não só no dia de hoje, mas como sempre podemos comemorar essa consquista para aqueles que lutam pelo direito de viver nesse mundo. Por outro lado, há muito ainda que se conquistar. Não à pena de morte!
Para mais informações, visite o site da Amnistia Internacional, está em espanhol :
Paz e Amor à todos.

domingo, 2 de dezembro de 2007

Estou ciente. É mais de uma semana de pausa. Mas isto não quer dizer que nada de muito interessante não tenha ocorrido, pelo contrário. No final de semana passado, mais precisamente no domingo, tivemos a oportunidade de assistir à dois documentários brasileiros num lugar agradável, "La Bellevilloise", um lugar que é um mixto de café-restaurant-bar em Paris, um espaço multifuncional dedicado à arte, localizado à rue Boyer, metrô Gambetta, no 20 arrondissement, ou seja, na vigésima zona da cidade, vamos assim dizer. O primeiro documentário exibido foi "Tom Zé - Dada Brasil", retratando a participação do cantor no Festival Banlieues Bleues (Subúrbios Azuis), a periferia de Paris. Apresentando seu disco "Estudando O Pagode - Na Opereta Segrega Mulher e Amor", além de falar sobre a condição da mulher no Brasil, ou seja, uma situação de segregação, Tom Zé, de modo satírico, diz o quanto a globalização é uma espécie de "putain de mondial-barbarization". Peter me disse que ele mais parece um "sdf (sans domicilie fixe)", isto é , um desses moradores de rua daqui. Claro, que só na aparência. Sobre o segundo documentário, tenho muito a contar porque muito me emocionou: "Paulinho da Viola, Meu Tempo é Hoje". Um filme que retrata sua vida, sua trajetória como músico, como compositor, sua tamanha amizade com a Velha Guarda da Portela... Num dado momento não tive como não conter minhas lágrimas: com Marisa Montes ele canta "Carinhoso", canção de Pixinguinha de 1917! Bem acertadamente diz Marisa, é uma das músicas que está mais presente na memória de todos os brasileiros. Na minha infância aprendi a cantar essa música com minha mãe, lembro-me muito bem dela dizer o quanto meu avô gostava de Pixinguinha.
Ao final das contas, foi um ótimo domingo.