
2007 foi um ano pra lá de positivo para mim, mesmo com os autos e baixos que as mudanças radicais da vida trazem. E bote radical nisso! Neste ano, de solteira, passei a ser casada; mudei de residência, de Brasil pra França, de Manaus pra Paris. Nossa casamento foi uma cerimônia agradável, calorosa e muito alegre. Pude compartilhar com minha família e meus amigos esse momento tão lindo na minha vida e de Peter também!

Após a Lua-de-Mel, uma nova vida em Paris, nada se compara ao Brasil, e muito menos a minha Manaus. Devo confessar no ínicio foram tempos difíceis: saudade da minha família, da comida da mamãe, dos meus amigos, da nossa cultura, esse jeito brasileiro de ser, um jeito pra lá de nortista misturado com o nordestino, esse calor humano que só a gente tem, essa mania de festejar tudo, de misturar tudo, todas as religiões, todas as comidas, essa mania de dá solução pra tudo, e está sempre feliz mesmo que se tenha 1 real no bolso. Só Deus sabe o quanto eu sinto saudade da nossa religiosidade, das novenas, das procissões... Que maravilhos é ver que no dia de São Jorge, 23 de abril, a procissão do catolicismo e da umbanda começam à mesma hora, e num dado momento na rua, as duas se encontram e se saudam. Sinto tanta saudade de participar como sempre participei. Porém, procurei e ainda procuro ver sempre o lado positivo das coisas. No mês de março comecei a estudar na Aliança Francesa, fiz novas amizades, mas eles me deixaram e partiram para novos horizontes, como o Frei Carlos de Santos, que foi para o Sul da França, a Aurora Rojas, religiosa chilena que foi para o Mali na África, e um casal simpatisíssimo, Orieta e Steves, médicos que foram para o Níger numa missão de ajuda ao país. Ah! Tenho tanta saudades deles... Mas a amizade permanece.
(À esquerda, Aurora, Orieta e eu na Aliança Francesa).

Assim que o inverno se foi começamos uma nova série de viagens. Em abril, fomos a Bourdeaux, uma cidade no sul da França, muito bonita, charmosa. Contudo, o que mais me chamou a atenção foi o tratamento das pessoas para com os turistas, são mais gentis, extrovertidos, simpáticos, muito diferente dos parisienses. O mesmo em Marseille,uma Salvador francesa, situada no litoral com praias banhadas pelo Mar Mediterrâneo, uma maravilha de cidade que conhecemos no mês de junho. Em julho, fomos a Veneza, um museu a céu aberto, acho que uma das cidades mais lindas da Europa, imagine uma cidade cuja suas ruas são de água, não há carros, bicicletas, só com barcos, gondolas é possível se locomover, e lógico, os pés. Veneza é linda! Ah! Não posso esquecer que em Abril conhecemos Roma também, mas foi uma viagem rápida de dois dias apenas; e passei a Semana Santa com a família do Peter em Spa, uma cidade na Bélgica. (Abaixo, respectivamente, uma foto de Bourdeaux, Marseille e Veneza).



Antes de irmos a Veneza, conheci Bolonha. Enquanto o Peter trabalhava por um semana em
Pádua, fiquei na casa de uma amiga de Manaus, a Maria Volta. Tivemos a felicidade de nos conhecermos no curso de noivos, pense, nós duas, sozinhas, os noivos aqui na Europa e a gente lá em Manaus. Maria, agora Sra. Volta, nos primeiros meses de casada, engravidou, e a Maria Cecília, a bêbe, já tá pra vim. Meu Deus, por um momento pensei que eu estava em Manaus de tão quente que era o clima de Bolonha. Mas foi ótimo conhecer a família do Toni, seu esposo; conhecer mais uma cidade da Itália. Apesar do calor intenso, tivemos bons momentos. (Foto ao lado).

Ah! Não posso esquecer de relatar que Agosto foi um mês bastante movimentado: primeiro fomos a Amsterdã para assistir a Parada Gay! Foi tuuudooooo de bom! Naquela semana, choveu quase todos os dias, e justamente no dia da Parada fez um Sol escaldante, incrível isto! Foi demais ver aqueles barcos desfilando pelos canais, cada um mais enfeitado, com uma coreografia mais diferente que a outra, gente dançando pelas ruas ao som do tecno, show dos drag-queens. Merveilleux!!!



Em Agosto também já estava bastante ansiosa para ir de férias a Manaus. Férias entre aspas, porque fui para resolver alguns ''pepinos'' pendentes, e principalmente, defender a minha
monografia e concluir a faculdade. Devo dizer que desde que cheguei em Paris não pensava em outra coisa que concluir meu curso universitário em Manaus. Até que enfim, esse dia chegou. Concluida a monografia, defendi, tirei um 9 bem bonito, colei grau, voltei com meu diploma na mão. Fiquei muito feliz, muito mesmo. E muito mais feliz porque compartilhei esse momento com meus amigos da faculdade que muito me auxiliaram à distância nessa empreitada: a Regina, a Márcia, a Socorro Maria, a Rose, do Paraná, a Evelyn de Santo André e outros tantos. E claro, muito tenho a agradecer ao Peter pela paciência, por ter suportado os meus estresses, minha insegurança quanto ao fato de saber se ia ou não concluir a tempo a monografia. Dank je! E pude também ver outros colegas de faculdade que há tanto tempo tentavam concluir o curso como eu, e colamos grau juntos! Foi um momento inesquecível e de grande satisfação que dividir com minha familia. Voltar a Manaus significou renovar as forças ao lado de minha mãe, vê-la lavar o pátio todas as manhãs que Deus nos dá, ver meus irmãos. E rever alguns amigos, saber das novidades...


Pois bem, voltei para Paris, e demos uma pausa nas viagens por causa do inverno, voltei a estudar na Aliança Francesa e resolvi ter um blog para escrever e dividir minhas impressões sobre a vida a
qui na Europa, sobre as minhas paixões da minha vida: música, livros, cozinhar, viajar, conhecer e falar de gente interessante, falar sobre meu país e tantas outras coisas mais. Estando aqui, conheci duas religiosas brasileiras ( eu tenho uma sorte pra conhecer padre e freira aqui que não é brincadeira!). Ao momento de está sozinha em casa por uma semana, porque o Peter viajou à Bélgica à trabalho, convidei-as para comer uma feijoada aqui em casa. Vocês podem ver a cara de contentamento delas pela foto, há meses que elas não experimentavam uma comida brasileira, Irmã Maria Guadalupe (à esquerda) levou até um pouco para o convento. Irmã Maria Paula, ao meu lado, só faltou se acabar de tanto rir por causa disso, e eu me divertia também. Para mim foi um imenso prazer!

Bem antes do término das aulas na Aliança Francesa, dei a nossa turma a idéia de fazer um amigo-oculto no último dia de aula do ano, no início ninguém pareceu muito interessado, mas a nossa professora gostou da idéia e resolveu dá uma força combinando com todos para cada um trazer um prato da culinária típica do seu país e claro, o cadeau para ser trocado.
Foi legal mas não gostei do meu presente, de forma alguma. Sigo uma lógica nesse negócio de dá presentes: não ofereço a alguém aquilo que não quero ganhar. Meu presente foi tão medíocre! Dando uma olhada na internet, soube que ele custou 6 euros! Isso é um absurdo, jamais eu ofereceria para alguém um presente de 6 euros ou reais. Jamais! Por outro lado, fico contente por dois motivos: 1) por ser um porta-retrato, serviu para colocar uma foto do ''clube da luluzinha'' do Colégio Santa Dorotéia aonde fiz o antigo segundo grau, e 2) o presente que ofereci, deixou minha colega muito feliz, ma petite amie do Vietnã que se chama Thi Binh ( lê-se Tibina)ganhou o livro L'Amour Universel que comprei na Loja da Rosa Cruz de Paris.
Na foto abaixo, minha colega vietnamita, eu e Cláudia, brasileira também de SP.
Agora, nos resta esperar pela chegada do Ano Novo. A partir de agora, já começo a me energizar para virar o ano com boas energias: tomar os banhos mágicos, fazer minhas simpatias, já tenho uma calcinha amarela novinha para atrair a prosperidade financeira; à meia-noite vamos comer uvas mentalizando paz, saúde, amor e prosperidade para a família. Infelizmente, não vou poder ir à praia para oferecer flores à Iemanjá como sempre fiz na Praia da Ponta Negra antes do fordunço de meia-noite. Mas em pensamento estarei sintonizada com sua energia e todos os Orixás, com certeza!
Até o ano que vem!
ADEUS ANO VELHO, FELIZ ANO NOVO!