sexta-feira, 27 de junho de 2008

Lisboa é muito boa!

Há quase uma semana atrás passamos um longo final-de-semana em Lisboa. Foram só 3 dias mas até agora estou surpresa, realmente encantanda e com o gostinho de um dia voltar, pois nunca pensei que aquela cidade fosse tão bonita, agradável, calorosa. E também não pude deixar de notar as tamanhas semelhanças com o Brasil, particularmente com Salvador. É lógico, como nossos colonizadores, os portugueses fizeram questão de transferir para as suas posses no Novo Mundo um pouco de sua terra. Falo isso com relação ao espaço urbano, à arquitetura, às ruas estreitas e as ladeiras! Realmente, por um certo momento tive a impressão de está subindo as ladeiras do Pelourinho!
Logo no primeiro dia experimentamos a sensação de passear de bonde. Em estilo antigo, eles sobem e descem as ruas, divindindo o mesmo espaço com os carros! Lamentei tanto por Manaus, foi um crime terem tirado os bondes da cidade, ainda hoje podemos ver o trilho na parte central da cidade. Segundo Carlos Pimentel Mendes*, "(...) nas imagens mais antigas, a predominância da mão inglesa de tráfego, pela esquerda, que predominou até cerca de 1930. E um dos passatempos favoritos dos manauaras por volta de 1912 era tomar um bonde das linhas suburbanas para desfrutar da brisa fresca, nas noites quentes de uma cidade situada praticamente na linha do Equador, como se vê neste cartão postal, também cedido por Allen Morrison".
Ainda bem que em Lisboa permaneceu a lucidez e o respeito ao seu passado, como podemos ver nesta sequência de fotos.
O patrimônio artístico e histórico de Lisboa guarda um pouco não apenas os traços da história de Portugal, mas também do Brasil como o Museu Nacional do Azuleijo, instalado no antigo Convento da Madre de Deus, casa da Ordem de Santa Clara fundada em 1509 pela Rainha D. Leonor (1458-1525) esposa do rei D. João II (1455-1495), cuja sua capela, a Capela de Santo Antônio tem seu assoalho feito por madeiras do Brasil. Foi durante a visitação que o Peter me fez uma grande revelação: no antigo apartamento em que ele morava em Amsterdam, todo o prédio pertenceu a Willem van der Kloet, famoso pintor holândes que fez fortuna vendendo seus painéis de azuleijos pintados a Portugal. Ora, conforme o Roteiro do Museu**, foi somente com a chegada do ouro vindo do Brasil que Portugal pôde importar azuleijos do país que então melhor os produzia, a Holanda. "A superioridade técnica dos azulejos holandeses e a citação da porcelana da China, patente na qualidade fina das pastas e da pintura a azul, conquistaram em finais do século XVII e até cerca de 1715, o público português que encomendou grandes painéis a pintores académicos, como Willem van der Kloet e Jan van Oort, que, apoiados por uma técnica de representação e por execução exímias, realizaram conjuntos monumentais como os da própria igreja do Convento da Madre de Deus".***
Dentre as inúmeras peças do azuleijo holandês que o museu apresenta, podemos destacar esta: "A Lição de Dança" de Willem van der Kloet:
"Este painel representa uma lição de dança num terraço de jardim, cena do quotidiano da aristocracia europeia da época, e transpõe uma gravura provavelmente dos irmãos Bonnart numa maneira muito rigorosa que contrasta com a produção portuguesa caracterizada por grande espontaneidade emotiva e pela subversão da fonte iconográfica."****
Magnifique!
O próximo ponto turístico foi o Castelo de São Jorge, conhecido também como Castelo dos Mouros. Situado na mais alta colina do centro histórico, nos proporciona uma das mais belas vistas sobre a cidade e o estuário do rio Tejo. Andar pelas suas mulharas nos dá a impressão de ver seus antigos soldados. Outra "coisa" chamou-me a atenção lá, ou melhor, uma criatura típica das paredes e muros dos lares amazônicos, e particularmente, manauaras e que eu achava que não existia nos arredores europeus, mas ela estava lá e eu registrei! Minha conterrânea, a "osga". Não me perguntem o porquê deste nome, é assim que eu a conheço desde de minha tenra infância mas é conhecida também pelos caboclos e caboclas como "jacaré de parede". Aqui está a prova, em duas tomadas:
E para a minha surpresa, depois de ter feito algumas pesquisas, fiquei sabendo que ela é de origem portuguesa! IMPRESSIONANTE!!!
Visitamos também a Sé de Lisboa. Pense numa catedral grandiosa construída em 1150, é pra pedir a benção das pedras! O mais surpreendente também é na área mais antiga da Catedral estão sendo realizadas escavações arqueológicas aonde já foram detectadas nas várias camadas do solo elementos da Idade do Ferro, passando por lojas romanas e até um edifício público islâmico.
Seu estilo medieval, seus vitrais, seus monumentos são de encher os olhos!
No sábado fomos à Torre de Belém, um grande forte com uma vista maravilhosa da baía. E não podemos esquecer do Padrão dos Descobrimentos que até então eu pensava que era algo pequeno, mas me enganei redondamente, é algo monumental, enorme! De lá, destaco a face dessa Nobre Senhora, a última em uma das filas ascendentes, quem será ela?
* http://www.novomilenio.inf.br/santos/bonden02.htm
**Museu Nacional do Azulejo. Instituto Português de Museus. 2 edição, Dezembro de 2005.
*** Ibidem.

Hasta siempre !

Duas canções, duas gerações, um guerrilheiro coração, uma só vida, uma paixão libertária, e a única frase saída do coração : Hasta Siempre Camarada!
"Aprendimos a quererte
Desde la historica altura
Donde el sol de tu bravura
Le puso cerca la muerte
Aqui se queda la clara
La entranable transparencia
De tu querida presencia
Comandante Che Guevara
Vienes quemando la brisa
Con soles de primavera
Para plantar la bandera
Con la luz de tu sonrisa
Tu amor revolucionario
Te conduce a nueva empresa
Donde esperan la firmeza
De tu brazo libertario
Seguiremos adelante
Com junto a ti seguimos
Y con Fidel te decimos
"Hasta Siempre Comandante"
Aqui se queda la clara
La entranable transparencia
De tu querida presencia
Comandante Che Guevara"*
"Entends-tu le chant des morts
et ce pavé battu cent fois
le poing fermé jusqu'à s'en briser les doigts
Tu sais quand la vie elle vous dévore
il n'y a plus que ça
Entends-tu le cri dehors
et l'amour scandé cent fois
le chant des vaux-riens, des renégats
et le sang qui prolifére
qui donne son sein aux libertaires
contre les rires et le renvois
Hasta siempre camarade
hasta siempre camarade
ne m'oublie pas
Contre l'horreur qui raisonne
sous le sourdine des candidats
crier l'hymne jusqu' à s'en briser la voix
il y a ce crie qui prolifére
c'est du sourire sans riviéres
contre les rires et les renvois
Hasta siempre camarade hasta siempre camarade ne m'oublie pas" **
* Letra de Carlos Puebla.
** Autor desconhecido.

Che, herói em seu país*

Pela primeira vez na Argentina, seu país natal, uma homenagem oficial foi feita à Ernesto Che Guevara, sábado 14 junho, em Rosário, no centro do Pampa aonde nasceu o mítico guerrilheiro. Para comemorar o 80 aniversário de seu nascimento, uma estátua em bronze de quatro métros foi instalada sobre uma praça levará doravante seu nome. Miguel Lifschitz, único prefeito socialista de uma grande cidade argentina, devia inaugurar o monumento em presença de Hermes Binner, primeiro governador socialista eleito em setembro de 2007, da província de Santa Fé cujo Rosário é uma de suas principais cidades. "Nós queremos lembrar a imagem, a herança, a trajetória e a luta de uma das personalidades políticas mais importantes das América Latina", explica Lifschitz. Em colaboração com Cuba, a município de Rosário organizou exposições de fotos, projeções de filmes, concertos e debates consagrados à figura de Che. A estátua é obra do escultor argentino Andres Zerneri que para modelar a face de Che se inspirou na célebre foto de Alberto Korda, feita em Havana em 1960, com uma boina, os cabelos longos e o olhar fixo sobre o horizonte. "Ele não carrega nenhuma arma, para evitar uma interpretação belicosa", afirma o escultor. Para que "ninguém atrais votos com este projeto", o artista evitou todo financiamento governamental ou de partidos políticos lançando uma coleta pública em 2005. Recebendo milhares de doações e 75 000 objetos em bronze ofertados por desconhecidos e admiradores de Guevara, como o cantor Manu Chao. Icône do século XX, ornamento de milhões de tee-shirts e posteres no mundo inteiro, o Che foi ignorado em seu próprio país. Em Buenos Aires nenhuma rua leva seu nome, nenhuma placa comemorativa sobre o imóvel da rua Araoz, aonde ele viveu. Em Rosário, número 480, rua entre Rios, só um letreiro lacônica indica: "Casa natal do Che". É necessário ir a Altar Garcia , cidade da província de Córdoba para se penetrar no passado do héroi argentino da revolução cubana. O chalé branco com teto de zinco aonde ele passou uma parte de sua infância se tornou um museu em 2001. Fidel Castro e o presidente venezuelano Hugo Chavez estiveram lá em 2005. As festividades em Rosário coincidem com a data de nascimento de Che. De fato, ele nasceu em 14 de maio de 1928, segundo as confidências de sua mãe Celia de la Serna. Pertencendo à uma família aristocrata, Celia resgistrou Ernesto um mês após seu nascimento para esconder que ela tinha se casado já grávida.
CHRISTINE LEGRAND
* Artigo extraído do Jornal "Le Monde", edição de 15.06.08. Tradução: Socorro van Aerts.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Um encontro pra lá de inesperado!

Durante a semana do Festival de Cannes, os canais de filmes da TV tinham toda a sua programação voltada para o festival: imagens diretamente de Cannes, entrevistas com atores, atrizes, e acima de tudo, com os diretores dos filmes concorrentes como o brasileiro Matheus Nachtergaele que traz o seu filme "A Festa da Menina Morta" na seleção Un Certain Regard do festival, dedicada a longas de novos diretores. Mas não quero aqui dá detalhes do longa metragem que aliás foi rodado em Barcelos, município do Amazonas. Quero contar que neste domingo eu fui à uma floricultura próxima de nosso apartamento e estava eu olhando algumas plantas, quando notei aquele homem, pequeno na porta, olhei fixamente, e o reconheci: é o Matheus Nachtergaele! É lógico, se ele estava em Cannes, por que não poderia vir a Paris? Pensei comigo mesma, respirei fundo, e falei com ele. Foi muito legal! Disse que era brasileira também, comentei que o havia visto em um programa de entrevista na TV, e ele até me perguntou se estava bem no programa! Disse que sim, que ele fala muito bem o francês, e quando foi embora até disse: Tchau Socorro! Gostei, foi um ótimo domingo. Ele é uma pessoa super-simpática! Amei!!!!!

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Meu vizinho...

Sim, tenho muito vizinhos gatos, mas esse aí foi até agora o único que tive a chance de registrá-lo. Com certeza ele deve está apreciando a Rue des Halles.

Les Voisines

Renan Luce

"J’ai toujours préféré aux voisins les voisines

Dont les ombres chinoises ondulent sur les volets

Je me suis inventé un amour pantomime

Où glissent en or et noir des bas sur tes mollets

De ma fenêtre en face, j’caresse le plexiglas

J’maudis les techniciens dont les stores vénitiens

Découpent en tranches la moindre pervenche

J’ai toujours préféré aux voisins les voisines

Qui sèchent leurs dentelles au vent sur les balcons

C’est un peu toi qui danse quand danse la mousseline

Invité au grand bal de tes slips en coton

De ma fenêtre en face, j’caresse le plexiglas

Je maudis les méninges inventeurs du sèche-linge

Plus de lèche vitrine a ces cache-poitrine

J’ai toujours préféré aux voisins les voisines

Qui vident leurs armoires en quête d’une décision

Dans une heure environs, tu choisiras le jean

Tu l’enfileras bien sur dans mon champ de vision

De ma fenêtre en face, j’caresse le plexiglas

Concurrence déloyale de ton chauffage central

Une buée dense interrompt ma transe

Puis des effets rideaux et c’est la goute d’eau

Un ravalement de façade me cache ta palissade

Une maison de retraite, construite devant ma fenêtre

Sur un fil, par centaines, sèchent d’immenses gaines"

Moi, je prefere aux voisins les chats.

O golpe do "Anel de Ouro"

Mesmo a "Cidades das Luzes" tem seus golpistas, os picpockets (batedores de carteiras e demais objetos de valor) personificados em imigrantes ilegais e naqueles em que a sociedade francesa insiste em lhes negar oportunidades e "mostra a face dura do mal".

Depois de morar 1 ano e alguns meses em Paris e estando prestes a deixá-la, estava bem informada dos riscos de roubos no metrô e de tantos outros riscos que uma cidade grande, multifacetada oferecem, mas mesmo assim cair no golpe do "anel de ouro", aliás, somente hoje, quando se passou comigo,é que fui perceber que se trata de um golpe.

Um belo dia, o Peter chega do trabalho e me diz que achou na rua, na presença de um senhor, um anel no estilo de aliança de casamento, 'parecendo' ser em ouro. OK!

Mas hoje, enquanto eu andava, na rua, próximo à Place de la Concorde, uma senhora vinha em minha direção e rapidamente, já bem próximo a mim, se abaixou e pegou um anel no chão e logo perguntou: esse anel não é seu? Logicamente, disse que não, olhei o anel e o reconheci, o e mesmo anel que o Peter achou um dia desses (foto)! Isso é um tremendo golpe!

Ela insistiu, fez questão que eu ficasse com o anel, dizia que o parecia ser de ouro, e tudo mais, que era divorciada e não tinha necessidade daquilo, então, fiquei com o anel e retomo minha caminhada, mas segundos depois ela me chama e pergunta se não tenho algum dinheiro para dá à ela para comprar alguma coisa pra comer, que ela é ilegal, que está sendo difícil encontrar trabalho, etc. Dei 5 euros que nem chega à 15 reais. Pelo menos não foi 500 reais, a soma que roubaram da minha mãe em Manaus por ter caído no golpe do Benefício da Previdência.