quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

As origens do Natal: o Solstício de Inverno...

Em quase toda a Europa, eram realizadas festas germânicas ou celtas e romanas anunciando o início do Inverno. O cristianismo tomou para si do mundo antigo sua essência, suas origens, propondo uma nova luz no mundo na pessoa de Jesus, o Cristo. Gradativamente, a partir do século IV d. C é instituído um calendário de festas religiosas, cujo o objetivo maior não deixa de ser a suplantação dos antigos ritos e festas pagãs. O termo "Natal", vem do latim que significa 'natális', derivado do verbo 'nascor, nascéris, natus sum, nasci', portanto este dia representava o nascimento do Sol Invictus, ou seja, o Sol Invencível. Esta festa se dá no dia do solstício de Inverno, pois é a partir desta data que os dias tendem a se extender, culminando com o ponto máximo: o nascimento do Sol. Neste ano, o Solstício de Inverno, em Amsterdam terá lugar no dia 21 de Dezembro às 13:03, é o dia mais curto do ano, e praticamente o dia em que começa o Inverno. Portanto, a origem do Natal se situa na Festa do Sol! Os romanos e povos germânicos tinham o hábito festejar o nascimento do Sol com uma grande festa regada de muito brilho, muito esplendor, logo, tal festa não foi nada mais nada menos que "recuperada" pela igreja católica que estimava que o Menino Jesus era também o Cristo-Sol, ainda que a data 25 de dezembro tenha sido fixada de forma arbitrária. Nos países escandinavos também o solstício deu origem ao Natal, uma vez que a palavra "yule" é utilizada pelas regiões nórdicas para designar o período de Natal. É bom ressaltar que esta celebração é ainda mais importante nos países nórdicos pois quanto mais se vai para o norte, mais os dias são curtos no inverno ( por outro lado, mais longos são os dias no verão). Portanto, neste dia, vamos festejar o Cristo-Sol com o mesmo entusiasmo, pois ambos nos dão a cada dia a Luz sem a qual não podemos viver. E desejo a todos um maravilhoso Solstício de Inverno e Boas Festas de Fim de Ano.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Salve o dia de Santa Luzia !!!

Não é que o blog tenha se transformado numa espécie de "o santo de cada dia", não é isso, mas há certas datas que marcam muito as nossas vidas, e uma delas, pelo menos na minha vida, é o Dia de Santa Luzia.
Sou de uma família católica, principalmente no tocante às mulheres, da parte de minha mãe: minha avó, minhas tias etc. são católicas, e vivemos, ainda , em nossa cotidiano religioso aquele catolicismo popular, que em muitas partes do Brasil foi deixado de lado pela própria imposição da Igreja Católica como instituição. Portanto, faz parte de minha infância e de minha vida como um todo até enquanto morava em Manaus as idas às novenas, às procissões, os arraiás e festas em honra dos santos. Aqui não existe isso, ainda mais se tratando da Holanda, que é um país protestante por circunstâncias históricas, eu entendo e respeito.
Com relação a Santa Luzia, hoje, mais precisamente às 19h minha mãe vai tirar a novena, e desde de quando eu me conheço por gente, ela faz isso: é uma reunião simples, além de seus filhos ( eu por exemplo, eu sempre a ajudei a rezar o terço) estão presentes alguns vizinhos, vizinhas, minhas tias, tios, primos que todos os anos compartilham com ela essa devoção. Aliás, também não deixa de ser uma tradição passada de mãe para filha, ou seja, minha avó também fazia a mesma coisas e minha mãe resolveu dá continuidade. Quem sabe algum dia, se acaso volte ao Brasil, eu também tenha esta chance.
Pessoas de outros credos acreditam que os católicos adoram imagens, isso não é verdade.
A imagem de um santo funciona como fosse uma espécie de "ignição" , uma lembrança viva das idéias e conceitos daqueles ali representados. Logo, o que podemos apreender da imagem de Santa Luzia? Eis um trecho de sua história para compreender melhor:
"Diz a antiga tradição oral que essa proteção, pedida a santa Luzia, se deve ao fato de que ela teria arrancado os próprios olhos, entregando-os ao carrasco, preferindo isso a renegar a fé em Cristo. A arte perpetuou seu ato extremo de fidelidade cristã através da pintura e da literatura. Foi enaltecida pelo magnífico escritor Dante Alighieri, na obra "A Divina Comédia", que atribuiu a santa Luzia a função da graça iluminadora. Assim, essa tradição se espalhou através dos séculos, ganhando o mundo inteiro, permanecendo até hoje.
Luzia pertencia a uma rica família de Siracusa. Sua mãe, Eutíquia, ao ficar viúva, prometeu dar a filha como esposa a um jovem da Corte local. Mas a moça havia feito voto de virgindade eterna e pediu que o matrimônio fosse adiado. Isso aconteceu porque uma terrível doença acometeu sua mãe. Luzia, então, conseguiu convencer Eutíquia a segui-la em peregrinação até o túmulo de santa Águeda ou Ágata. A mulher voltou curada da viagem e permitiu que a filha mantivesse sua castidade. Além disso, também consentiu que dividisse seu dote milionário com os pobres, como era seu desejo.
Entretanto quem não se conformou foi o ex-noivo. Cancelado o casamento, foi denunciar Luzia como cristã ao governador romano. Era o período da perseguição religiosa imposta pelo cruel imperador Diocleciano; assim, a jovem foi levada a julgamento. Como dava extrema importância à virgindade, o governante mandou que a carregassem à força a um prostíbulo, para servir à prostituição. Conta a tradição que, embora Luzia não movesse um dedo, nem dez homens juntos conseguiram levantá-la do chão. Foi, então, condenada a morrer ali mesmo. Os carrascos jogaram sobre seu corpo resina e azeite ferventes, mas ela continuava viva. Somente um golpe de espada em sua garganta conseguiu tirar-lhe a vida. Era o ano 304." *
Até hoje em dia, guardo na minha memória o hino consagrado à Santa Luzia, que muito conta de sua vida.
Bendita Luzia, que no céu estás.
Pôe os vossos olhos nos tristes mortais (2x)
Com a idade de doze anos, milagre ela fazia
Dava vistas aos cegos que andavam com guia
Seus olhos eram lindos, no mundo não havia
Pois tiraram os olhos de Santa Luzia
Que Santa Luzia nos conceda o dom de olhar para a vida, para o nosso próximo não apenas com os olhos físicos, todavia com os olhos d'alma, os olhos do coração.
Viva Santa Luzia!!!

sábado, 6 de dezembro de 2008

Zwartes Piet

Como eu disse no post anterior, em alguns países europeus, há um personagem indissóciavél à figura do Papai Noel ou de São Nicolau: o Pedro Preto (Zwart Piet). Por onde o "bom velhinho" passe, ele ganha alguns traços peculiares, uma versão diferente aqui e acolá. Todavia, o que não muda, e isto é muito importante, é a função que ele desempenha e aquilo que ele representa, isto é, castigar as crianças traquinas e desobedientes. Não é à toa que em alguns momentos, faz parte de sua vestimenta pra lá de extravagante um chicote.
Suas origens são bastante vagas, cada região tem sua versão. Contudo, o que mais nos chama atenção e nos convida para uma a realização de uma apurada reflexão é a quem o Pedro Negro está relacionado, carregando em si e atribuindo uma carga de valores que a meu ver não é nada positivo.
Por exemplo, na Bélgica, o P. N. não deixa de ser um africano com suas roupas coloridas, de cores bem vivas e com enormes argolas penduradas na orelha. Nos Países Baixos, a tarefa do P. N. é de ajudar São Nicolau, mas também de levar as crianças desobedientes e malcriadas para jogá-las no Mar Negro ou levá-las para a Espanha. Em outra versão holandesa, este personagem seria nada menos que os mouros que foram deixados nestas regiões por conta da invasão espanhola. Ainda outra versão vem à baila, aquela que diz o P. N. é o açougueiro da lenda de São Nicolau, pois para puní-lo por ter morto algumas crianças, o santo o teria obrigado a seguí-lo para onde quer que ele vá, ou seja, o transformou num escravo. Mas por que ele tem que ser negro?
Para Alice Miller*, ao consagrar o primeiro capítulo de seu livro La connaissance interdite (O conhecimento proíbido) à festa de São Nicolau, mostra como as verdadeiras ações de São Nicolau foram deturpadas, desviadas pelos próprios pais, transformando-a numa celebração punitiva e por sua vez o P. N é uma invenção e uma figura que nada tem a ver com o verdadeiro São Nicolau que protegia as pessoas mais fracas, em vez de maltratá-los ou puní-los.
Creio que para amenizar o denegrimento escancarado da raça negra, e para dá uma de "politicamente correto", a explicação dada é que se atualmente o Pedro é Negro é devido o chamuscado da chaminé, o carvão, etc. Que chaminé suja, heim!?

* Alice Miller , psicóloga polonesa, doutora em psícologia, filosofia e sociologia, bastante conhecida pelo trabalho sobre violência infantil.

Sinterklaas já vai embora : ( ... Mas os presentes ficam : )

Para nós brasileiros e creio que para muitos países, a figura do Papai Noel é muito viva e associada às trocas de presentes na noite de 24 para 25 de Dezembro. Porém, a imagem do Papai Noel foi inspirada numa pessoa verdadeira: São Nicolau. Na Holanda ,e assim como também em vários países europeus (Bélgica, Polônia, Croácia, Luxemburgo), nos dias 5 e/ou 6 de Dezembro são dias de festa, de ganhar presentes, e é próprio São Nicolau, em holândes Sinterklaas acompanhado pelos Zwarte Piet, que não deixa de ser uma espécie de ajudante (traduzindo, Pedro negro, alíás, sobre ele que vou tentar fazer uma análise e para isso é necessário um outro post) que aparece para distribuir os presentes.
Em verdade, Sinterklaas chega aos Países-Baixos duas semanas antes de 6 de Dezembro. Com sua grande barba branca e portando sua mitra, ele vem da Espanha ( originalmente ele vem da Túrquia) num barco à vapor chamado Pakjesboot, ou seja, barco dos pequenos presentes.
À cada ano, uma cidade do país é escolhida para recebê-lo. Almere foi a escolhida para o ano de 2008.
A chegada de Sinterklaas é uma festa muito importante, de caráter nacional, na qual o prefeito e as pessoas mais importantes da cidade escolhida, e logicamente, as crianças fazem presença para recebê-lo. Depois ele faz um tour pelo país, e tudo se desenrola da mesma maneira, muita festa e muitas crianças, mas muitas crianças ao seu redor.
A noite de 5 de Dezembro é chamada Pakjesavond, isto é, a noite dos presentes, o momento em que as crianças ganham não só brinquedos mas também o Kruidnoten, um tipo de biscoitinho tipícamente holandês e a letra inicial do nome em chocolate que o Peter até ganhou (!), uma lembrança da empresa aonde ele trabalha.

Hoje, Sinterklaas faz sua última aparição para tão logo tomar seu barco acompanhado de seus Zwarts Piet e voltar para seu lugar de origem. Como sinal de respeito, segundo os holandeses, é somente após a sua partida é que podemos decorar nossas casas para o Natal.

E claro, depois que o Natal passar e a com a chegada do Ano Novo, ficamos na sua espera...

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Zuco 103 em Arnhem: huuum, muito bom!

Cada dia vivido é uma oportunidade para conhecer algo novo. E quando a gente pensa que já conheceu ou ouviu tudo de música brasileira, e se depara com uma banda como a Zuco 103, a gente se toca que conhece apenas uma parte dessa realidade musical, que diga-se de passagem, não permanece de nenhuma forma estagnada no tempo, mas procura sempre fundir o infundível, desmisturar o que é o misturável, enfim, como diz a minha mãe, "tirar leite de pedra" dos mais variados ritmos e estilos musicais.
Nesse noite, por quase três de muito som, uma mistura de maracatu elétrico com samba do crioulo doido, eu desenferrugei as minhas pernas porque desde de que eu atravessei o Atlântico, faz muito tempo, mas muito tempo que não eu não botava as cadeiras pra mexer. Mas não foi por falta de oportunidade não, foi pelo, vamos dizer assim, um traço cultural, pois em Paris, pelo menos nas casas de show que eu fui, não há um espaço livre para dançar não, só é cadeiras, em suma, os franceses não dançam. Aqui, me deparei com outra realidade, a casa de espetáculo era pequena mas não tinha cadeiras, todo mundo em pé e quando a música brasileira rolou, ninguém ficou parado.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Hoje é dia de São Martinho!

No Brasil é no dia de São Cosme e Damião, precisamente, dia 27 de setembro, que temos o costume de distribuir guloseimas, bombons, doces e o famoso caruru às crianças. Nesse dia também minha avó completava anos, então para ela por ser uma data duplamente especial, além de ganhar presentes, ela adorava presentear os pequenos com bombons e biscoitos. Em Manaus, muitos, como eu, além de bombons, distribuem brinquedos para as crianças mais carentes das redondezas.
Mas eis que hoje, com crianças à nossa porta no ínicio da noite, lembrei-me saudosamente do dia 27 de setembro em terras brasileiras, porque hoje é dia é de São Martinho e especialmente aqui na Holanda, é tradição neste dia as crianças saírem às ruas, precisamente à noite com laternas de papel à mão. Cantam uma musinha e pedem bombons. Tivemos que ir mais de cinco vezes atender à porta e oferecer uns bombons que estavam por aqui esquecidos, se eu soubesse antes, tinha feito uma coisa mais especial, porque eles merecem! Porém, só tive conhecimento do fato quando o Peter chegou do trabalho e me falou que haviam crianças pelas ruas a pedir guloseimas e se possível algumas moedinhas de centavos.
Cá pra nós, é legal ver essas iniciativas infantis aqui, mas em nada se compara com aquela euforia dos meninos, a alegria, a correria... Também é compreensível, não dá pra ser tão eufórico numa noite fria de 8 graus, e logo chego realmente a pensar que o clima em muito influencia no caráter do ser humano.
Tot ziens!

domingo, 2 de novembro de 2008

Os gatos da minha vida... Bengel e Boi.

Bengel (3) Upload feito originalmente por luluvanaerts

Sou de origem daquelas famílias que vêem com bons olhos a criação de animais, especialmente cachorros, mas gatos e demais bichinhos de estimação, estão fora de cogitação. Mesmo que qualquer um de nós, eu ou um dos meus irmãos, fizesse menção sobre criar um bichinho, minha mãe sempre nos lembrava do trabalho, da dedicação dispensada para seu trato, é muito mais que arranjar-lhe um lugar para ficar e dá o que de comer todos os dias. Portanto, nunca passou pela minha cabeça dividir meu lar, meu teto, minha vida com gatos, não importa se dentro ou fora de casa. Claro que de vez em quando acontecia de cruzar com uns e outros pela rua, na vizinhança ou no quintal da casa da vovó Nazaré, se estava eu presente na hora do jantar, logo depois eu e os demais netos, íamos atrás dela para vê-la dá os restinhos da comida para os bichanos da vizinhança, que por sinal eram muitos, e ademais, seus íntimos conhecidos. E mesmo assim eles me eram estranhos. Nem hóstis, nem amigáveis, não tinha a menor intenção de me ocupar com eles, nem que seja ao menos de um. Confesso que tudo que eu sabia dos gatos, com base nas boas e más língua, é que eles são traiçoeiros! Se um cachorro pode morder, os gatos são piores, porque são imprevisíveis! Os únicos felinos que eram próximos de mim eram aqueles dos contos de fada, das bruxas, dos desenhos animados ( eu prefiro o gato Félix ao Tom). E me acontece de arranjar um par de botas, e com ele vem dois gatos. A idéia de dividar um apartamento com eles, no ínicio me deixa encolerizada, e confesso, os primeiros meses foram vividos sob um clima de guerra, por força eu queria discipliná-los, botar ordem na casa, estabelecer regras e limites pra eles. Em parte, eu conseguir, eles não já dormiam no nosso quarto, não entravam na cozinha. Por outro lado, com relação às outras coisas, eu tiver que ceder, aprendi a ter paciência para com eles, e acima de tudo, tinha que respeitar a personalidade de cada um, logo, percebi que eu tinha que se moldar a eles também, senão ia passar a vida toda, até eles morrerem, estressada, sempre incomodada com a presença deles. Parece-me, ainda não especulei profundamente, o Boi é da raça "British Shorthair" (pêlo curto inglês) enquanto que o Bengel é um puro de sua raça, é um Gato-de-Bengala.

Sobre o Boi só posso lhes dizer que um gato super medroso, só exige atenção exagerada quando quer comer, passa a maior parte do tempo dormindo, seja na caminha dele ou em algum degrau das escadas. Tem uma veneração pelo Peter. É tímido, não se mostra de primeira, tem medo de tudo, mas são três coisas que lhe causam um verdadeiro pavor: o aspirador de pó, a tábua de passar ferro e uma escada de alumínio que tenho aqui de três degrais. Se faço apenas menção que vou usar uma dessas coisas, estando ele presente, sai numa correria louca, foge como o diabo foge da cruz. Ele é carinhoso, porém, até para acariciá-lo é preciso tomar certas medidas, não ir além dos limiter, porque senão corre-se o risco de ser interpretado como uma ofensa, um grande mal-entendido e ele se afasta sem cerimônias. Quanto ao Bengel há muito o que dizer... Não tem vergonha na cara, eu brigo, esculhambo, malino dele, dou uns puxões nas patas traseiras dele, pensa que ele não gosta? Se não está dormindo, está pedindo atenção seja a minha ou a do Peter. Quando estou sentada no sofá, se deita nos meus pés, ou então quer deitar nas minhas coxas. Quando o vi pela primeira vez, pensei que ele tinha algum tipo de disritmia ou outra coisa parecida, porque é irrequieto. Ah! É o mané-sacola ou mané-caixa, porque não pode uma sacola ou caixa vazia que vai logo entrando e fica lá, paralisado, acho que apreciando a vista. Gosta também de ir pra debaixo de uma cama, dentro do armário da sala, ele abre a porta e entra. Conversa, responde quando eu falo, reclama, não gosta de ser contrariado. Tem personalidade! Há dois anos atrás, eu pensaria que não, porém no presente momento, realmente, tenho eu que concordar com as palavras de Frédéric Vitoux, em seu Dictionnaire amoureux de Chat, "(...) o homem, neste sentido, é verdadeiramente civilizado quando aceita ter um gato ao seu lado como um livre companheiro, um associado e não como um animal doméstico ou domesticado, (...) o gato prefere manter o papel de parceiro, e mesmo de mestre em elegância, em beleza e quem sabe em sabedoria no conhecimento sobre os segredos do universo".

Une vie passée?

woman's corselet Upload feito originalmente por camil tulcan
Corselet para vestir, maquiagem por fazer, um espelho para se olhar, crianças a correr. Mas não me impede a vida boêmia, sua impertinente ou provocadora banalidade, A rua e seus affaires me chamam. É dia de Primavera e é claro ainda o céu Vou ao cabaret, ouvir a aclamação dos poetas, galatear os músicos, Fletar com os pintores, quem sabe ganho o dia de hoje Sentar com os boêmios, sonhar em ser libertária, juventude subversiva Macomunar com a aristocracia falida deste final de século. Cada noite retumba em Paris. Saio e acordo. Foi só um sonho, lembranças de uma vida passada? Lembrei-me du Chat Noir...

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Alguém já viu uma abóbora caolha?

"Viva a bruxa de capa e chapéu!"

Como hoje é o dia das Bruxas aqui no Hemisfério Norte, em homenagens a todas bruxinha, eu posto a letra dessa música, que é da minha infância, acho que eu tinha 9 ou 10 anos, por aí, eu me lembro muito bem do Trem da Alegria se apresentando nos programas de televisão da época, no programa do Chacrinha, do Bolinha, bons tempos eram aqueles. Bons tempos de criança!
Bruxinha
Trem da Alegria
Ô bruxinha bonitinha
Da vassoura de capim
Me carrega pro espaço
Abra os braços só pra mim...
Ô bruxinha bonitinha
Da vassoura de capim
Me carrega pro espaço
Abra os braços só pra mim...
Quem disse que as bruxas são feias?
Alcéias, meméias e tal
Não sabem que nas luas cheias
Elas mudam o seu visual
E vestem camisas e meias
Que acham lá no meu varal
Depois cantam como as sereias
Fazem festa, alegria geral...
Nós dois lá em cima sozinhos
Varrendo as estrelas do céu
Cá embaixo nossos amiguinhos
Fazendo o maior escarcéu
Os pássaros deixam seus ninhos
Abelhas dão tempo no mel
E assim cantam todos os bichinhos
Viva a bruxa de capa e chapéu!!!

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Um novo recomeço...

Pyzam Glitter Text Maker Glitter Graphics Maker & MySpace Layouts

Como disse no post anterior, estamos morando agora em Amsterdam, a cidade das flores, das tulipas, dos coffes-shops, da maconha liberada! Sim, parece-me que sim, mesmo morando por tão pouco tempo, um mês e alguns dias, sei que é um recomeço aqui, com tudo : com a língua, com os jeitos e trejeitos da gente daqui... E eu preciso de muita, mas de muita paciência! E não estranhem se de vez em quando aparecer aqui algumas palavras altamente esquisitas, é o holândes mesmo, que tento colocar em prática aqui! Até mais! Ou ainda, tot ziens!

Abençoada seja Paris

Amanhã é o dia das Bruxas aqui no Hemisfério Norte. Segundos aqueles que reverenciam a Grande Deusa, a Velha Religião, o dia 31 de outubro é uma das datas mais importantes para as bruxas porque se comemora a passagem do ano, a Roda completou seu ciclo. Logo, o sabbath Samhaim "é um momento de reflexão em que olhamos para o Ano que passou e procuramos reconhecer e deles extrair o siginificado de nossa vivência", como nos diz Márcia Frazão em seu livro Revelações de uma Bruxa. Há mais ou menos um mês atrás estávamos partindo de Paris e fixando nossa residência em Amsterdam. Aqueles que me acompanham desde do ínicio deste blog, vão verificar as mudanças radicais que fiz, menos no nome, porque eu sou uma cabocla da paris dos trópicos, e o conservo em homenagem a Paris. Além disso, vão perceber também que desde do dia 31 de agosto eu "não baixo aqui", e justamente amanhã vai completar um mês! Então aproveitando o embalo de véspera desta data e sua significação transcendental, aqui eu quero externar todo o meu agradecimento por Paris, por tudo o que essa cidade me ensinou, por todas as experiências que ela me fez passar, sejam elas más ou boas, prefiro me lembrar das boas, né? Agradeço por todas as amizades que eu fiz, por aquelas que deixei de fazer...
Paris foi e é uma prova de fogo! A Cidade das Luzes está numa decadência, mais pas avec élégance. Não é nada elegante ver tantos moradores de rua, alcóolatras, e sentir a tamanha indiferença das pessoas para com esta situação. Sai de lá mais ainda indiferente à tudo que exiba tal indiferença. Mas como não gostar de Paris!?, eu me pergunto às vezes, mesmo a odiando no ínicio, você acaba amando-a no final! É mais do que amor, é um mixto de compaixão e pena, porque há lugar para tanto luxo e sofisticação, e nenhum espaço para um sorriso escancarado no rosto. Há tantos cafés, mas há também tanta solidão... Há tanta gente, de todas as cores, do todos os credos, de tantas línguas, mas não há lugar para a amizade. Há tantos policiais na rua, mas tanto medo do "outro".
Contudo, rendi-me aos encantos da França, sua língua requintada, seus lugares maravilhosos que me renderam boas fotos!
Ah! Paris, vous me manque beaucoup! Que os Anjos velem por ti.

Musée du Vin

Slideshow
Nos últimos dias de nossas vidas em Paris aproveitamos para visitar lugares interessantes e especiais. Dentre estes podemos encontrar o Musée du Vin, um lugar situado há alguns metros da Torre Eiffel, bem aconchegante, charmoso que além de abrigar inúmeros objetos e instrumentos relacionados à vinha e ao vinho, é um centro de formação, ou melhor dizendo, é uma escola na formação da arte de desgustar um vinho! Que chique! Ele foi instalado nas antigas caves de vinho da Abadia de Passy que datam do século XVI!
De forma semelhante ao museu da bruxaria em Concressault, através de personagens em cera o museu conta toda a história do vinho nas principais regiões francesas como Bourdeux, Champagne.
Para aqueles que desejam passar as férias em Paris, não custar nada dá uma passadinha lá e receber como um cadeau no final da visita a oportunidade de desgustar uma taça de vinho de sua escolha, ou se acaso o restaurante estiver aberto, experimentar a deliciosa cozinha francesa.
Ai! Que saudade da comida francesa!

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

In Brugges

Por causa de um filme cujo o título em francês é "Bons baisers de Bruges" , e se não estou enganada, no Brasil ele ganhou o título "Na Mira do Chefe", fomos visitar Brugges, cidade da Bélgica que é considerada como a "Veneza do Norte", porque tem um grande canal. Cá pra nós, não querendo puxar a sardinha para a brasa de Amsterdam, mas comparar Brugge com Veneza apenas por causa desse canal, acho eu um baita exagero. Considero Amsterdam como uma "Veneza" porque aqui há dezenas de canais. Mas rivalidades à parte, a cidade é um museu medieval à céu aberto, suas origens remontam ao século XI. Por fazer parte Liga Hanseática, uma confederação de comércio das cidades dos Países Baixos, Alemanha e Escandinávia, converteu numa das mais da Europa na época. Tal riqueza se vê impressa em sua arquitetura muito parecida com a de Amsterdam. Mas de tudo, o que mais me impressionou foram imagens da Nossa Senhora, traços do catolicismo na Bélgica. Em cada esquina uma imagem, uma escultura da Virgem Maria decorava a parte extena do prédio.

domingo, 31 de agosto de 2008

"Há muitas almas de madeira para não gostar de figuras em madeira que tem uma alma". JEAN COCTEAU

Musée de la Sorcellerie

"Eu não acredito em bruxas, mas que elas existem, existem" algumas chegam a afirmar, mas eu acredito e se elas existem ou não, não vou discutir aqui, mas o certo é que bem no centro da França, especificamete em Concressault, há mais ou menos 200km de Paris, num lugar longínquo , bem escondidinho com ares de uma chácara bem antiga, existe um lugar reservado para as bruxas e suas bruxarias, seja do ponto de vista do imaginário popular ou da História: é o Musée de la Sorcellerie, isto é, o museu da bruxaria. Logo na entrada, nos deparamos com figuras simpáticas de bruxas e seus apetrechos que povoam o nosso imaginário: a abóbora, o gato preto, a coruja, o caldeirão, a famosa bruxa da Branca de Neve e seu cesto de maçãs...
O mundo das fadas, dos elfos, dos duendes, gnomos que estão em todos os lugares: nas florestas, nas montanhas, nos oceanos, nos jardins, nas nossas casas, pois segundo os próprios, eles se adaptam, evoluem para viver de formar mais à vontade possível.
Vassouras e receitas de encantações, calderões fervendo, poções mágicas, mesmo ditas ao acaso, essas palavras nos lembram uma imagem: a bruxa.
Imagem essa muito presente depois de muito séculos na memória coletiva, esta mulheres que nunca foi respeitada, conhece as boas ervas, e temos muito medo dela! A culpada de tudo: pela má colheita do ano; pela morte de algum animal. Todos a consideram um invejosa, às vezes pela sua própria família que não hesita em testemunhar contra ela em seu processo.
Na maioria das vezes, ela não é nem uma desconhecida e nem uma estrangeira, mas é conhecida por todos que dividiu com ela a rotina da vida. Porém, depois de curas inesperadas, mortes inexplicavéis, ela se torna a principal suspeita de todos os males do vilarejo e é perseguida.
E todo o encanto desapareceu...
É esse outro lado da História e da memória que o museu se propõe a mostrar e enfatizar, ou seja, o fato de como a bruxaria se tornou quase um sinônimo de heresia. Para aqueles que vão lá em busca de feitiços, de mistérios ocultos, creio que vão se decepcionar.
Portanto a história começa muito bem por sinal, com a Deusa Mãe, símbolo de vida, de proteção, cujas as representações chegaram até nós, desafiando o tempo. Porém, pouco a pouco, essa imagem se degrada. Aquilo que é benéfico se transforma em malefício, e logo não resta que essa figura caricatural, estéreotipada, adoradora do diabo, que se propõe passar a vida a desencaminhar alguns cidadãos "honestos" nos lugares mais sórdidos possíveis, fazendo-os negar sua fé, ridicularizando a ordem estabelecidade, em outras palavras, fazendo o mal!
Logo, compreendemos muito a bem a necessidade desenfreada de destruí-las, queimá-las para que todo e qualquer traço deixado por elas seja apagado da face da terra.
É incrível como em forma de bonecos, várias cenas do desenrolar dessa parte sombria da história da Europa, e principalmente na própria região, vão sendo contadas.
Como por exemplo nessa imagem abaixo, reproduz as circunstâncias de um dos vários processos de Berry, província a qual pertence Concressault. Em 1614, Roland Pasquet, um lavrador do vilarejo, faz uma refeição numa taberna típica da época, quando um homem de nome Barthélémy Mainguet se senta ao seu lado e lhe oferece uma refeição. Ao voltar para casa, o lavrador se sente um pouco "disparatado". Muito doente, ele chama Mainguet que passa para falar sobre a vida. Este lhe prepara um caldo e se gaba de saber curar os doentes, infelizes palavras. Logo Pasquet pensa ter um bruxo diante dele. Denunciado e submetido à interrogatório, Barthélémy Mainguet reconhece ter posto um pó na comida de Pasquet. Pressionado para confessar sua participação no sabbat e denunciar seus assistentes, "o bruxo" confessa que à noite tinha encontros com o diabo que lhe dava os pós. Os denunciados negam até sob a tortura. Conclusão do processo: dois morrem, seis, como Mainguet são enforcados e queimados no dia 30 de maio de 1616. Os outros acusados são relaxados. Há vários outros casos que são retratados dessa forma tão original e criativa, realmente muito atrativo para o público infanto-juvenil. No verão é proposto um atelier: a Escola de Feiticeiros.
O real e o imaginário se misturam nesse lugar, por que não se deixar levar?

La Ville en Rose

Depois de Bolonha, nossa próxima parada foi em Toulouse, a ville rose, ou seja, a cidade rosa em razão da cor do principal material de construção tradicional local.
É algo que acho muito interessante: cada cidade da França, pelo menos as que visitamos, guarda em si suas peculiaridades traduzidas na sua arquitetura, e acima de tudo, na sua gente, e Toulouse não podia ser uma exceção, ébastante diferente de Paris, e como! O jeito de ser das pessoas é mais espontâneo. A cidade abriga inúmeros prédios históricos. O hotel no qual nos hospedamos fica bem próximo do Capitole, um prédio magnífico que abriga a Câmara Municipal da cidade. Bem em frente, há uma enorme praça.
Não sei se era pelo de ser um final de semana, mas na sexta e no sábado, a todo estante uma noiva despontava na praça,bem em frente à grande porta. Uma delas até chegou com toda família a reboque numa limusine branca! Muito chic o negócio!
Dava gosto de sentar em uns dos cafés e apreciar a Praça histórica, com seus casais de noivos, as brincadeiras das futuras esposas nas despedidas de solteiro, as crianças a brincar...

Olha! Que coisa fofa!

domingo, 24 de agosto de 2008

Os verdadeiros motivos...

Estou no clima da famosa "leseira baré" que só os manauaras conhecem, não quero nada com nada, um período de intensa inércia, uma calmaria de verão, mas que ao meu ver prever um intenso e agitado inverno. A ausência está inserida neste clima que é ao mesmo tempo um momento de despedida de Paris. Portanto, nessas últimas duas semanas antes de partir encarnei o papel de turista. Além das atividades triviais do dia-a-dia, saio, vou ao cinema, tiro fotos, dou uma moedinha para algum SDF (traduzindo do francês, : sem domicílio fixo, o nosso sem teto, ou mendigo mesmo!), distribuo alguns sorrisos pra essa gente blasé ... Da janela, observo o movimento da Rue des Halles.
Há dois meses atrás, antes de se instalar essa inércia, ainda viajamos, visitamos nossos amigo Tony e Maria em Bolonha, conhecemos sua jollie fille Cecília e relembrei do calor infernal de lá bien à la Manaos!
Deu pra matar a saudade da última vez: visitar a Biblioteca Sala Borsa cujo o piso da sala da entrada é de vidro através deles podemos vislumbrar as ruínas romanas e etruscas da cidade, e como diz a Maria, tomar a benção da pedra, porque são muito, mas muito antigas!
Gente, isso não é uma janela, é um chão de vidro! A sensação de pisar e olhar para um buraco é muito esquisita, no início da medo mas depois a gente se acostuma e aprecia as ruínas.
E mais uma vez tirar uma foto no Netuno...

Presenciar uma manifestação contra o racismo e a discriminação aos imigrantes...

E a polícia, como sempre, presente, para manter a ordem e preservar os bons costumes... Ahhf!