sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Meu solzinho chegou!



Na bruma leve das paixões
Que vêm de dentro Tu vens chegando
Prá brincar no meu quintal
No teu cavalo
Peito nu, cabelo ao vento
E o sol quarando
Nossas roupas no varal...
Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais
Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais...
A voz do anjo
Sussurrou no meu ouvido
Eu não duvido
Já escuto os teus sinais
Que tu virias
Numa manhã de domingo
Eu te anuncio
Nos sinos das catedrais...
Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais
Tu vens, tu vens
 Eu já escuto os teus sinais...


Há quase duas semanas você chegou... Não vieste numa manhã de domingo, mas no amanhecer de uma terça calorosa, as últimas deste verão em terras baixas e frias. Não te anunciei em Catedrais, tão pobre é essa cidade de templos desta envergadura. Espontaneamente, não pude e não quiz escutar teus sinais, e os fiz sentir, eu provoquei... Mas mesmo assim vieste, com saúde, olhando tudo em volta, olhos vivos e brilhantes... Meu filho, meu solzinho... De todos os momentos, gostaria que ficasse apenas gravado em minha mente o momento que o vi ao meu lado, nos braços de seu pai... Quero esquecer todas contrariedades que tive durante esses nove meses, esquecer que aqui praticamente fui obrigada a passar pelo processo de um parto normal e acabei numa cesariana mesmo, como minha intuição me dizia... Esquecer as disparidades que vivi com relação ao nosso sistema de saúde, que em certos momentos não foi tão trágico por parecer uma verdadeira comédia: eu com dor , e uma italiana com seu esposo holandês botavam pra cantar ópera na mesma enfermaria; o absurdo do horário das visitas, de manhã, das 9 até 13 hs, e de tarde, das 15 até 20hs, em certos momentos, eu tinha a verdadeira impressão de está numa feira! Pelo o amor do momomô! Isso não existe num hospital em Manaus, pelo menos nós sabemos o quanto o silêncio é importante num hospital! Pra cada leito, a paciente tem direito a telefone e televisão; depois do parto, eu pra lá de bagdá, querendo ao menos dormir, além da feira cotidiana, num leito tinha uma que o telefone não parava de tocar, a outra, pra lá de meia-noite, ela ainda tinha assunto pra conversar no celular com o marido!!! Passei quatro dias no hospital, pedindo a Deus pra sair dali o mais rápido possível! Como eu disse, fui praticamente forçada a me submeter ao parto normal. Na verdade, se eu fosse fazer todas as vontades desse pessoal ( diga-se de passagem, louco) eu teria meu filho em casa. Mas como eu queria o parto com peridural, e batir o pé por isso, tive que ir para o hospital mesmo e para minha sorte, pra não dizer ao contrário, praticamente a anestesia fez efeito somente, eu acho, que por umas duas horas, depois... Eu vi estrelas de tanta dor que sentir. Depois a enfermeira veio me dizer que apenas com 10% das mulheres acontece isso, a anestesia não faz efeito, que sorte a minha, eu fiz parte dessa porcentagem, que diga-se de passagem, é mais do que ínfima, porque as mulheres holandesas não querem nada de anestesia ... Eu heim! Devem ter um quê de masoquista. Porém, brincadeiras à parte, tudo isso é cultural... E o choque foi inevitável... Quero superar tudo isso... E quanto ao meu filho, essa música d'ORAPPA traduz tudo: é UMA AJUDA, e tanta!


Como é bom te ver, é uma ajuda, se é  
Meus olhos não aguentavam mais admirar o comprovado
Encarar tantas verdades cruas é ver o céu pela metade  
No teu abraço contente algo ficou diferente  
Pude sentir a poeira das coisas caindo um pouco distante da gente
Com você a lua foi mais que lua e felicidade
Continua rápida mas agora é mais pura
Eu pude ouvir do muro fino entre a ciência e Deus
Eu pude ouvir,eu pude ouvir seu anúncio
Eu pude ouvir, o que ninguém foi capaz de prever
Eu pude ouvir,o que te faz me surpreender
O que te faz, o que te faz, o que te faz
O que te faz me surpreender
O que te faz, o que te faz, o que te faz
O que te faz me surpreender
 O que te faz, o que te faz, o que te faz